domingo, 12 de fevereiro de 2012

I ENDURO DA INDEPENDÊNCIA


I ENDURO DA INDEPENDÊNCIA – RIO DE JANEIRO/BELO HORIZONTE -1983
*matéria retirada do site: www.motosclassicas70.com.br
O Enduro era uma modalidade de competição de motocicletas, até então pouco conhecida pelos brasileiros. O mercado de motos fora de estrada vinha crescendo muito e a Honda, de olho nesse filão, resolveu patrocinar um evento de Enduro. Juntamente com a Rede Globo e o Trail Clube de Minas Gerais, foi criado o Enduro da Independência. Na história do Brasil há um relato sobre uma viagem efetuada por D. Pedro I do Rio de Janeiro até Belo Horizonte, para tentar o apoio mineiro à causa da Independência, já defendida por São Paulo e Rio. Isso foi em 1822, poucos meses antes da Independência. D. Pedro I e sua comitiva de mais 8 pessoas, cavalgou por 15 dias, e esse trajeto ficou conhecido como “Caminho Novo” e posteriormente como “Estrada Real” O Trail Clube de Minas, com total apoio da Honda estava pensando em criar uma prova de longa duração para difundir o Enduro nacionalmente, pois já era praticado nas trilhas de Minas Gerais. E a Rede Globo estava planejando uma comemoração especial e diferente para a Semana da Pátria. Daí surgiu o Enduro da Independência ! Após 5 longos meses de preparação, levantamento da trilha em bases de registros históricos, muitas viagens Rio – Belo Horizonte, finalmente chega setembro ! Seriam 800 Km, percorridos em 3 dias ! 440 motos, divididos em 220 duplas de pilotos, disputaram esse grande desafio, enfrentando chuva, lama, poeira, frio, e cansaço, pelas trilhas da Estrada Real ! No dia 4 de setembro, houve a largada simbólica, no Rio de Janeiro, na Quinta da Boa Vista, onde há uma estátua de D. Pedro I. 
Todas as motos desfilaram, juntamente com os carros de apoio, fazendo uma grande festa ! Mas a coisa ia ficar séria mesmo no dia 5 de setembro, uma segunda feira chuvosa e fria ! As duplas começaram a largar pontualmente às 7 da manhã, partindo para a 1ª etapa, que seria até Barbacena, numa distância de 350 km. Um mundo de motos ! A cada 30 segundos larga um participante. Muita lama, dificuldade para navegar, muitos perdidos e depois mão embaixo para alcançar a média (o enduro é de regularidade). O primeiro trecho cronometrado começava no vilarejo de Porto Estrela, local onde começou a viagem de D. Pedro. De lá seguiram até Piabetá, em asfalto, e dali começava a subida até Petrópolis, em chão de paralelepípedos molhados… muitos tombos ! Depois de Petrópolis, Correias e Noguerias, também pelo asfalto. Um trecho de terra levou o enduro até Pedro do Rio, e de lá até Secretário, também em terra batida… bem lisa ! De lá seguem até Paraibuna, passando por Paraíba do Sul. De Paraibuna até Matias Barbosa, mais asfalto ! A turma já começava a se perguntar: “cadê as trilhas, a emoção, o barro pra atolar??” Logo depois de Matias Barbosa, viria a resposta… Começava a trilha chamada “Expurgo da Desindexaçao”! Esburacada, pedregosa, com costelas de vaca e muitas fendas, a trilha começa a dar um tempero ao Enduro ! Quem conseguiu passar bem, chegou até Caeté, Retiro e Juiz de Fora e de lá seguiu para Chapéu D´Uvas… E tiveram que enfrentar o Pastão e o Oleoduto ! O Pastão era uma encosta coberta por pastagem, que tornava a sudida muito difícil, principalmente para as pesadas XL 250 e Montesas. Quem estava de DT 180 se deu bem ! Chega o Oleoduto… são cinco morros íngremes, com um oleoduto enterrado por baixo… um sufoco ! A chuva causou uma grande erosão, e as valas e fendas eram enormes, e muita gente ficou para trás ! A seguir a caravana foi para Ewbank da Câmara, Santos Dumont, Perobão, Antonio Carlos, Sá Forte e finalmente a chegada em Barbacena ! O caminhão de patrulha especial do Exército, incumbido de percorrer as trilhas ao final do dia, recolhendo os atolados, perdidos e desaventurados, só chegou a Barbacena na fria madrugada do dia 6! Teve gente que ficou na chuva e no frio esperando o caminhão até a 1 hora da manhã!! Em Barbacena as motos ficaram num parque fechado, onde os pilotos aproveitavam para revisar e checar as condições das máquinas para o dia seguinte. É bom lembrar que nesta primeira versão do enduro não era permitida a participação de mecânicos, só os pilotos podiam dar manutenção nas motos. No dia 6, a segunda etapa seria até Ouro Preto. O primeiro trecho era até Padre Brito e depois seguindo até a Fazenda Pouso Real (onde D. Pedro e sua comitiva pernoitaram certa vez), passando por muitos mata-burros, o que andou entortando muita roda!!

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